segunda-feira, 13 de abril de 2009

Eduardo e Maggie / Amor!

       


Silêncio


 


Calem as vozes!


 


Deixem o silêncio entrar,


Deixem o sino tocar


...muito ao longe,


deixem-me chorar,


Deixem o lamento clamar,


Deixem aprender a caminhar!


 


Mas calem as vozes!...


 


Eu não entendo,


Não sei dizer,


Não sei escrever


o momento real,


do que parte


e não volta...


 


Calem as vozes!...


 


Eu quero entender o silêncio


procurar no escuro,


a luz pálida da saída


e encontrar o amor,


a ternura do amor,


o esplendor do abraço


do teu abraço


e não esquecer...


 


Mas calem as vozes! Por favor...


 


Alguém me disse,


alguém amigo,


Alguém, cujo encontro comigo,


terminou...contigo!


E esse Alguém disse:


 


"A Maggie morreu"!


 


Calem as vozes!...


 


Deixem a noite formar


figuras desconexas


grupos tétricos


desolados, perdidos,


até que a luz possa chegar...


 


Procuro escrever


no escuro que se fez


e encontrar,


o teu fato branco


malhado de preto


e sussurar,


quanto me deste,


quanto ajudaste,


quanto me amaste!


 


Calem as vozes!...


 


Deixem o silêncio falar,


o instante é único


e último...


Quem mais vai lembrar?


 


Só as lágrimas do meu pranto


iluminam o lugar!...


 


A Maggie morreu!


 


Calem todas as vozes!


Por favor...


Por Ela e por mim!...


 


Maria Luísa Adães


(Janeiro de 2009/ São Paulo/Brasil


 


 

5 comentários:

  1. Just Moments

    "Palavras para quê?" - símbolo de um amor
    para além de tudo.
    É o meu filho que tem a Maggie ao colo; esta
    foto está em moldura na casa do Brasil.
    Eu tornei a trazê-la ao cimo na Net - neste
    momento ao olhar a foto, ao escrever sobre ela, tornei a chorar. Atenua, não passa!
    Obrigada,

    Mª. Luísa

    ResponderEliminar
  2. Esta é a minha Homenagem ao Amor pela
    minha cadelinha Maggie que viveu comigo, como familia e amiga, durante 16 anos;
    morreu em dezembro de 2008 quando me encontrava no Brasil.
    Não estava presente para lhe dar um último Adeus, mas para mim, enquanto o meu
    coração pulsar, "Ela continua vivendo na Eternidade e junto a mim, se possível, nos versos que lhe ofereço de nome "Silêncio" ".

    Magguie, te dou o meu amor e te eternizo, se
    possível e com a ajuda de Deus.

    Beijos,

    Maria Luísa O. Maldonado Adães
    ofereço os versos que escrevi com o nome de
    "SILÊNCIO"

    ResponderEliminar
  3. Poema «Silêncio» ... Pois é, silêncio é geralmente o que à alma de quem fica apetece fazer pela alma de quem parte desta vida, silêncio embebido de choro, interior ou exterior, e de incredulidade.
    Neste seu comovente poema, de dona sentida e já saudosa de sua querida cadelinha de velhice falecida, o seu insistente pedido de silêncio é respeitável e respeitado, a fim de que seu coração de dona, ou familiar, e que passe o adjectivo familiar, lhe dedique uma homenagem mista de vida e morte, sentindo mais insistentemente e mais profundamente o afecto do animal querido que infelizmente, por ordem natural, partiu desta vida. E pediu também que a noite, além de silêncio, cobrisse também a sua dor de escuridão, os dois lutos, até a luz chegar, para lhe atenuar a infelicidade pela morte do familiar e querido animal.
    É uma bem sensível homenagem e um fúnebre hino à sua Maggie, de silêncio, dor sentimental, choro interior e saudade, que durarão o resto da vida.
    Os animais, quando os sentimos com todo o afecto, ficam para sempre no nosso coração e ficamos a dever-lhes muito, tantas vezes mais do que eles a nós.

    Um amistoso beijo para si.
    Mírtilo

    ResponderEliminar
  4. Mírtilo

    Muito me apraz, ter recebido o seu comentário ao poema "Silêncio", dedicado à
    minha cadelinha Maggie.

    Ainda hoje, passou menos de um ano, eu sinto dor e saudade por tudo quanto ela me deu - mais (como Mírtilo diz, do que eu lhe dei
    a Ela) e pretendi dar tanto. Amei-a muito e amo; não mais a vou esquecer! E os recantos da minha casa estão vazios e a presença dela
    não mais os vai tapar.
    Quando meu filho foi para o Brasil, casou, tem uma filha de 18 meses, a mulher, brasileira, ficou um vazio na minha casa.
    Tudo seria diferente... Mas a Maggie ficou e
    preencheu tudo, com a sua presença e o seu amor.
    E neste momento, em que lhe escrevo, eu
    não sei quem sou, nem que me resta e o meu
    marido, sente o mesmo, embora seja muito
    diferente de mim.
    Ele não é poeta, mas sente sem nada dizer...
    Eu tenho a faculdade de escrever, a dor e a saudade - mas não sou mais feliz por isso!

    Agradeço do coração, do local mais fundo do meu sentir, a sensibilidade e generosidade do
    seu Louvor à minha querida Maggie.
    Penso que ele tem uma Alma como eu tenho
    e está próximo de Deus e um dia, por caridade
    do próprio Deus, eu a vou encontrar.

    Mas muito tenho de sofrer e caminhar, sem
    Ela.

    Obrigada,

    Maria Luísa

    ResponderEliminar