
Florbela Espanca, nasceu em Vila Viçosa a 8 de Dezembro de 1894.
Filha ilegitima de uma "criada", falecida muito nova (29 anos),
foi registada como filha de "pai incógnito" o que a marcou profundamente.
Educada pelo pai, João Maria Espanca e pela madrasta Mariana, tal como seu irmão,
Aples Espanca, nascido em 1897 e registado da mesma forma.
O pai sempre a acompanhou, mas só passados 19 anos da morte da poetisa
a perfilhou, por altura da inauguração de seu busto em Évora.
Estudou em Évora, mais tarde em Lisboa, na Faculdade de Direito e colaborou
na Revista Seara nova.
Três casamentos falhados, e a morte do irmão Aples Espanca
(a quem a ligavam fortes laços afectivos), num acidente com o avião
sobre o Tejo em 1927, marcou profundamente a sua obra e a sua vida.
Em Dezembro de 1930, agravados os problemas de saúde, sobretudo de
ordem psicológica, Florbela Espanca morre em Matozinhos.
Com a sua personalidade de uma riqueza interior excepcional escreveu seus versos
de uma forma ardente revelando erotismo feminino transcendido, pondo a nu
a intimidade de mulher, dando novos rumos à consciência literária nascida de
vivências femininas.
O sofrimento, a solidão, o desencanto, aliados a um desejo de felicidade e plenitude
só alcançáveis no Absoluto, no Infinito, constituem a veemência passional da
sua forma de dizer.
Só depois da morte é que a poetisa viria a ser conhecida do Grande Público, através
de Guido Batelli, com Charneca em Flor (1930).
Vacilando entre a moral e o preconceito da época, a beleza da sua poesia recebeu incompreensão
em vida e manipulação em morte, durante 40 anos.
Não se coloca como observadora distante, ela está dentro do poema, sempre!
Com ou sem escandalos; com ou sem histórias, perdas dolorosas, incompreensão constante
na sua vida, o que fica é a Voz Poética da "alma gémea " de Fernando Pessoa,
autêntica, feminina e pungente quando diz:
Eu quero amar, amar perdidamente!
Amar só por amar : Aqui ... além ...
Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente ...
Amar ! Amar ! E não amar ninguém !
Recordar ? Esquecer ? Indiferente !...
Prender ou desprender ? É mal ? É bem ?
Quem disser que se pode amar alguém
Durante a vida inteira é porque mente !
Há uma Primavera em cada vida :
É preciso cantá-la assim florida,
Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar !
E se um dia hei-de ser pó, cinza e nada
Que seja a minha noite uma alvorada,
Que me saiba perder ... pra me encontrar ...
Florbela Espanca
Nasceu na época errada? A isso não sei responder! 
(breve análise)
Maria Luísa Adães
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